A PROCEDÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO E SUA RELAÇÃO COM A IGREJA
A PROCEDÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO E SUA RELAÇÃO COM A IGREJA
Por muito tempo, ao longo da história da igreja, a pneumatologia ocupava um lugar secundário na teologia cristã. Desde a patrística do segundo século até o escolasticismo da idade média, o Espírito Santo, apesar da crença em sua divindade, era tratado quase por meios subordinacionistas, sendo a Cristologia o foco da igreja. Foi a partir de 1517, com a deflagração da reforma protestante, que a pneumatologia passou a ter destaque e, com isso, a ter mais atenção nas pesquisas teológicas. Contudo, o protestantismo reformado, influenciado pelo cessacionismo (corrente doutrinária que crer na cessação dos dons espirituais), enfatizou a ação salvadora do Espírito, criando uma elaborada pneumatologia soteriológica, porém, desprezou a ação carismática do Espírito, ação esta parte essencial do ministério do Espírito Santo. Mesmo diante deste processo histórico que trouxe um desenvolvimento pneumatológico, a igreja moderna parece ter se esquecido da realidade do Espírito Santo e de seu papel fundamental na economia divina. Outrossim, a igreja contemporânea precisa reavivar o conceito da procedência do Espírito Santo, conceito este que traz implicações soteriológicas, eclesiásticas e carismáticas, tendo em vista que a Bíblia ensina que Jesus foi externamente gerado pelo Pai e que o Espírito Santo procede Dele.
Possuir uma pneumatologia biblicamente correta conduzirá a igreja a uma ortodoxia, ortopatia e ortopraxia pneumatologicamente correta. A relação entre a Igreja e o Espírito Santo pode ser descrita através do triplo ministério do Espírito Santo, qual seja: Soteriológico; Carismático e Escatológico. É o Espírito Santo, procedente do Pai, divino (Atos 5:3-4; 2Co 3:18; Jo 14:16), quem nos revela a graça salvadora e nos convence do pecado da justiça e do juízo (Jo 16:8), nos batizando em Cristo na medida em que nos insere no corpo de Cristo, regenerando o pecador. Uma vez salvo, o Espírito Santo capacita a igreja através de sua ação carismática, concedendo dons espirituais e dinamizando a obra missional da igreja. Outrossim, o Espírito Santo traz ordem eclesiástica na adoração coletiva e direção no devocional provado. Não obstante, o Espírito Santo é o responsável por conduzir a noiva de Cristo para o evento escatológico mais aguardado por todos os salvos, qual seja, o arrebatamento (Ap 22:17). Desta forma, o Espírito procedente do Pai tem papel fundamental no plano de redenção, salvando o homem, capacitando com dons espirituais e conduzindo a igreja ao final da ordo salutis, qual seja, a glorificação do corpo, no exato momento do arrebatamento da igreja. Conforme escrito em Apocalipse 22:14: "O Espírito e a noiva dizem vem", ou seja, sem o Espírito a noiva jamais teria forças para dizer "vem", é o Espírito Santo quem impulsiona a igreja a anunciar o retorno de Cristo.
Logo, o Espírito Santo atua vivida e experiencialmente na Igreja. Tal
atuação pode ser verificada através das manifestações dos dons espirituais,
através da salvação de pecadores e da transformação moral deles. Contudo, a
maior manifestação da presença do Espírito Santo na Igreja é a formação de uma igreja
cristocêntrica, cujo alvo da adoração e o cerne da esperança é Cristo, pois,
parafraseando Jesus, o Espírito de verdade não falará de si mesmo, mas
glorificará a Cristo e fará isto através da Igreja (Jo 16:13,14). A mesma
igreja que afirma o sola gratia, sola fide, solus Christus, sola Scriptura e
soli Deo glória, deve proclamar o sola Spiritus Sanctus! Que a igreja do século
XXI volte aos princípios de Atos 2, a final a história do Pentecostes é a nossa
história.
Pb. Diego Natanael
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