DEUS SERIA JUSTO AO CONDENAR INCONDICIONALMENTE O HOMEM AO INFERNO?
Deus seria justo ao condenar incondicionalmente o homem ao inferno?
Para responder
esta pergunta, a priori, precisamos definir quem é Deus, segundo as
Escrituras Sagradas. A Bíblia nos revela um Deus cujos atributos expressam não
somente o que Deus pode fazer, mas, também e mais importante, o que Deus é. Em
outras palavras, os atributos de Deus são reflexos do caráter Dele, ou seja, os
atributos de Deus são o caráter de Deus em ação e, portanto, tudo o que Deus é
trará reflexos nos seus atributos e, por conseguinte, em sua vontade e em suas
ações.
A corrente
teológica/filosófica essencialista, divergindo da voluntarista, ensina que tudo
o que Deus faz é reflexo de seus atributos que lhes são essenciais e, portanto,
Deus não pode agir contrário à sua natureza e, assim sendo, Deus não pode agir
contrário aos seus atributos. Não existe hierarquia entre os atributos de Deus.
Assim sendo, a
Bíblia nos revela que Deus é santo, bom, amor, misericordioso e justo. Desta
forma, quando falamos da justiça divina, é preciso entender que, em decorrência
da eterna interação existente entre os atributos, esta é influenciada pelos
demais atributos, ou seja, a justiça divina é amorosa, bondosa e, não menos
importante, santa.
Logo, quando se
pergunta se Deus é justo ao condenar incondicionalmente o ímpio ao inferno, o
que se quer saber é que se Deus escolhe incondicionalmente (sem levar em
consideração os atos humanos) as pessoas que irão para o inferno, como ele
poderia ser justo para com estas pessoas? Afinal, estas pessoas (réprobos)
foram eleitas para o inferno não por que pecaram deliberada e livremente contra
Deus, mas, sim, porque Deus desejou, independente dos atos destas pessoas,
condená-las arbitrariamente ao inferno.
O calvinismo
clássico sempre defendeu a doutrina da dupla predestinação incondicional. Esta
doutrina ensina que Deus predestinou incondicionalmente tanto os salvos quanto
os Réprobos (condenados), ou seja, Deus elegeu incondicionalmente aquelas
pessoas que serão salvas e, também, aquelas pessoas que serão condenadas ao
inferno.
Vejamos algumas
citações do teólogo reformado João Calvino, em suas institutas, sobre a doutrina da
dupla predestinação incondicional:
“Chamamos predestinação o eterno decreto de
Deus pelo qual houve por bem determinar o que acerca de cada homem quis que
acontecesse. Pois ele não quis criar a todos em igual condição; ao contrário,
preordenou a uns a vida eterna; a outros, a condenação eterna. Portanto, como
cada um foi criado para um ou outro desses dois destinos, assim dizemos que um
foi predestinado ou para a vida, ou para a morte”
(Institutas, vol. 3, cap. 21, seç. 5).
“[...] a Escritura mostra
claramente: que designou de uma vez para sempre, em seu eterno e imutável
desígnio, àqueles que ele quer que se salvem, e também aqueles que [deus] quer
que se percam”
(Institutas, vol. 3. cap.21. seç.7).
“Venham todos os filhos
de Adão; contendam e alterquem com seu Criador por que antes mesmo de serem
gerados foram predestinados à perpétua miséria por sua eterna providência” (Institutas, vol. 3. cap. 23. Seç.3).
“Sem dúvida confesso
que foi pela vontade de Deus que todos os filhos de Adão nesta miserável
condição em que ora se acham enredilhados. E isto é o que eu dizia
inicialmente: por fim, tem-se sempre de volver ao mero arbítrio da vontade
divina, cuja causa está escondida nele mesmo”. (Institutas, Vol. 3. cap. 23.
Seç. 4).
“O primeiro homem,
pois, caiu porque o Senhor assim julgara ser conveniente. Por que ele assim o
julgou nos é oculto. Entretanto, é certo que ele não o julgou de outro modo,
senão porque via daí ser, com razão, iluminada a glória de seu nome”. (Institutas, Vol. 3. Cap. 23. Seç. 8).
Como se pode
notar, segundo Calvino, os réprobos irão para o inferno por estrita obediência
a vontade predeterminante de Deus e não por sua vontade livre e pecadora.
Considerando a
premissa inicial do calvinismo, seja supralapsariano ou infralapsariano, que
inevitavelmente atribui a Deus, e não ao homem, a origem de seus pecados, esse
homem que é condenado por Deus não está sendo julgado porque pecou livre e
deliberadamente contra Deus, mas, sim, porque foi predestinado
incondicionalmente a pecar. Desta forma, a condenação divina destas pessoas não
privilegia a justiça de Deus, muito pelo contrário, torna Deus injusto, déspota
e, portanto, mau.
Sempre que Deus
age com sua justiça, seja condenando os ímpios ou salvando os justos, seu nome
é glorificado, porém, o “deus” criado pela hermenêutica calvinista não age com
justiça, mas, sim, com arbitrariedade e maldade. A Bíblia é clara ao ensinar
que Deus é justo, soberano, bondoso e Santo. Assim sendo, qualquer hermenêutica
ou cosmovisão que retire, deturbe ou ponha em conflito qualquer destes
atributos divinos, estará fadada a crer em um “deus” diferente daquele revelado
nas Sagradas Escrituras e heterodoxo em relação a teologia ortodoxa.
Quando se fala
na aplicação da justiça divina, seja salvando ou condenando, tem-se que
considerar a vontade consequente de Deus. A vontade de Deus de condenar alguém
ao inferno decorre, e, portanto, é consequente, da ação livre do pecador de
rejeitar a graça salvadora e perseverar na incredulidade, ou seja, Deus condena
aquele que primeiro rejeitou a graça salvadora, a vontade divina de condenar é consequência
da inexorável e livre incredulidade do pecador. Desta forma, em decorrência desta
vontade divina consequente, surge a justiça retributiva de Deus que consiste em
retribuir as ações do homem de acordo com suas obras, seja condenando ou
salvando. Em outras palavras, a vontade consequente de Deus faz com que sua
justiça seja retributiva, ou seja, a condenação divina decorre, e por isso é
retributiva, da incredulidade do pecador.
O problema do
calvinismo é que ele inverte a lógica. Para o calvinismo, a vontade de Deus é
sempre antecedente e, por isso, Deus primeiro condenada incondicionalmente, e
porque não dizer arbitrariamente, o homem, para depois fazer com que este homem
viva uma vida de pecados e de incredulidade e, assim, justifique sua
condenação. Desta forma, a vontade antecedente de Deus é determinativa, pois,
segundo o calvinismo, Deus primeiro desejou a condenação de muitos homens e, depois,
na eternidade passada, pré-determinou que estes homens viveriam na
incredulidade, sem que lhes fossem dados a escolha de crer no Senhor Jesus. Logo,
a justiça divina para o calvinismo não é retributiva, mas, sim pré-determinativa
e, se assim for, essa justiça pré-determinativa não é mais justiça, mas, sim,
injustiça e maldade, sendo tais características inaplicáveis ao Deus revelado
nas Sagradas Escrituras.
Quando Deus
condena alguém ao inferno, a base da sua condenação é sua santa justiça que,
por sua vez, conduz Deus a condenar os homens ao inferno não de forma
incondicional, mas, sim, de forma condicional, ou seja, Deus condena ao inferno
aqueles que livremente rejeitam sua Graça e vivem uma vida de pecado. Desta
forma, o ato de justiça divina está de acordo com sua santidade e bondade, vez
que Deus sempre desejou a salvação dos homens (1Tm 2:4), porém, nunca impôs
irresistivelmente esta salvação, retribuindo, assim, todos os atos livres dos
homens, seja salvando ou condenando.
Logo, a justiça
divina impede que Deus predestine e condene incondicionalmente os homens ao
inferno, pois, a justiça de Deus é retributiva e pautada na sua própria
essência e atributos.
Pb. Diego
Natanael.
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