ESCRAVO-ARBÍTRIO: A escravidão da vontade e a necessidade de libertação!
A Bíblia nos apresenta um
plano objetivo de salvação e, como consequência deste, um plano subjetivo de
salvação. Deus, segundo a sua soberana vontade, elaborou um plano objetivo a
fim de trazer salvação para a humanidade. Desta forma, o Pai elaborou este plano,
o Filho executou este plano e, o Espírito Santo, administra a salvação obtida
por Cristo na vida do pecador arrependido. Uma vez que Cristo é a consumação
deste plano salvífico, a graça salvadora se manifesta a todos os homens (Tt
2:11) a fim de reconciliar os homens com Deus, porém, a Graça de Deus exige uma
completa submissão a Deus a fim de que o homem possa ser transformado por ela
e, assim, possa ser salvo. Diante disto, este ato de submissão exigido pela
Graça se constituiu em um exercício voluntário da vontade do homem ou, ao
contrário, significa o exercício do ato predeterminante e irresistível de Deus?
Em outras palavras, quando o pecador se submete a graça de Deus, ele assim faz
por vontade livre ou por que foi irresistivelmente predeterminado (programado)
a assim fazer?
A resposta para esta pergunta
passa pela necessidade de compreendermos a relação entre a vontade soberana de
Deus e a liberdade humana. Qual é a vontade de Deus acerca da salvação do
homem? Deus exige alguma coisa do homem no processo de salvação do mesmo? O
homem é livre? O homem possui livre-arbítrio? O que é livre-arbítrio?
Diante destas perguntas,
poderíamos resumi-las em uma única pergunta: O homem possui livre-arbítrio?
Respondendo esta pergunta, responderemos todas as outras perguntas até aqui
feitas, pois, afinal, segundo a Bíblia, Deus é soberano e o homem é moralmente
responsável pelos seus atos.
1) O QUE É LIVRE-ARBÍTRIO?
O livre-arbítrio (latim liberum
arbitrium) é a nossa capacidade, dada por Deus, de agir contrário à nossa
natureza, ou seja, é a liberdade que temos de fazer escolhas que podem,
inclusive, ser contrárias à nossa natureza. Desta forma, o livre-arbítrio está
estritamente ligado a salvação, pois, seu exercício precipitou toda a
humanidade no pecado.
O estado original do homem era
de santidade, ou seja, Deus criou Adão e Eva com uma natureza santa e, também,
com livre-arbítrio, os nossos primeiros pais gozavam de liberdade condicionada
a obediência. Porém, mesmo sendo essencialmente santos, Adão e Eva, no
exercício de seu livre-arbítrio, decidiram agir contrário à sua natureza santa
e, assim, desobedecer a Deus, destituindo-os e, por consequência, todos os seus
descendentes, da glória de Deus (Rm 3:23).
Desta forma, a capacidade
humana de fazer escolhas morais livres e salvíficas é decorrente do
livre-arbítrio, na verdade é o próprio conceito de livre-arbítrio. Foi uma
escolha moral que nos tornou pecadores e, não obstante, é uma escolha moral,
capacitada pela graça, que nos tornará santos diante de Deus.
Tanto os atos pecaminosos
quanto os atos de santidade são escolhas morais pelas quais somente um ser
livre por ser responsabilizado.
É importante destacar que o
livre-arbítrio é uma capacidade cuja fonte é o próprio Deus, ou seja, Deus
decidiu fazer do homem um ser moralmente livre. Contudo, o livre-arbítrio
humano não é ilimitado, antes, o livre-arbítrio sofre limitações internas
(Graça e pecado) e externas (leis, cultura, a vontade das outras pessoas,
etc.). A vontade soberana de Deus é o maior agente limitador do arbítrio
humano, pois, apesar do homem ser livre, o exercício desta liberdade está
condicionado a aprovação da vontade soberana de Deus. O que isso significa é
que, apesar de o homem ter sido criado livre, ele não pode fazer tudo o que
quiser, existe um limite para o exercício de seu arbítrio, o homem não pode ser
Deus, não pode mudar seu ser, não pode ir além dos limites divinos impostos por
um Deus soberano e bondoso.
Quando se fala em
livre-arbítrio, é preciso diferenciar o livre-arbítrio ordinário do
livre-arbítrio extraordinário. O livre-arbítrio ordinário consiste naquela
capacidade que todos os homens têm de fazer escolhas de natureza não salvíficas
(que não traz influência na salvação), tais como: escolher entre tomar café ou
suco, escolher entre ir ao trabalho de ônibus ou de carro, escolher entre
estudar ou trabalhar, etc. Por outro lado, o livre-arbítrio extraordinário
consiste naquelas escolhas de natureza salvíficas (que influenciam na
salvação), tais como: escolher mentir ou falar a verdade, escolher crer em
Jesus ou negá-lo, escolher pecar ou andar em santidade, fazer escolhas morais).
Neste artigo, está sendo abordado o livre-arbítrio extraordinário, ou seja, a
capacidade humana de fazer escolhas morais e, portanto, de natureza salvíficas.
Jacob
Armínio assim definiu o livre-arbítrio:
“Esta é a minha opinião
sobre o livre arbítrio do homem: Em sua condição primitiva, conforme ele saiu
das mãos de seu criador, o homem foi dotado de tal porção de conhecimento,
santidade e poder, que o capacitou a entender, avaliar, considerar, desejar, e
executar O BEM VERDADEIRO, de acordo com o mandamento a ele entregue. Todavia
nenhum destes atos ele poderia fazer, exceto através da assistência da Graça
Divina [...]” (AS OBRAS DE ARMÍNIO).
Armínio ensinava que o
livre-arbítrio, em seu estado original, capacita o homem a avaliar, considerar,
desejar e executar obras salvificamente boas, tudo isso com o auxilio
capacitador da Graça. Não obstante, mesmo tendo a capacidade de avaliar,
considerar, desejar e executar obras salvificamente boas, o homem pode escolher
não realizá-las e, assim, viver uma vida de pecado.
Tudo até aqui dito sobre o
livre-arbítrio é como ele é no seu estado original, ou seja, antes da queda de
Adão. Mas, após a queda, o homem continua tendo livre-arbítrio? Mas adiante
responderemos esta pergunta.
2) OBJETIVO DO LIVRE-ARBÍTRIO:
Para que o homem possa
ser moralmente responsável pelos seus atos é preciso que ele tenha liberdade de
escolha, ou seja, é preciso que ele tenha a capacidade de escolher seus atos e,
assim, assumir suas consequências. Assim sendo, Deus nos criou como seres
morais e, a fim de que fossemos responsáveis pelos nossos atos (Rm 14:12), nos
dotou de livre-arbítrio, sem o qual seriamos como os animais, agindo por
extinto e sem nenhuma responsabilidade pelas nossas ações.
Outro aspecto
importante é que, quando Deus nos criou e nos dotou de livre-arbítrio, a sua
intenção era relacional, ou seja, ele nos criou a fim de estabelecer um
relacionamento sincero conosco. Deus queria que o homem pudesse amá-lo
sinceramente e, para que isso fosse possível, o homem tinha que ter liberdade
de escolha, pois um amor forçado não é amor verdadeiro e sincero, para que
possa haver um amor sincero é preciso que o homem tenha a liberdade de,
inclusive, não amar. Deus não determina, forçadamente, ninguém a amá-lo, Ele
simplesmente espera, por Sua vontade soberana, que o homem, ao se encontrar com
o Salvador Jesus, escolha servi-lo com amor e sinceridade (Ap.3.20).
Sobre isso, Agostinho de
Hipona estabelece o seguinte raciocínio:
“Pergunta-se, então:
Qual é a função do livre-arbítrio? Respondo brevemente que ele salva. Tire o
livre-arbítrio e não restará nada que possa ser salvo. Tire a graça e nada
restará que seja a fonte da salvação. Essa obra (de salvação) não pode ser
efetivada sem duas partes: uma, de onde ela vem; e outra, em quem ou em que
seja moldada. Deus é o autor da salvação. Somente o livre-arbítrio é que pode
ser salvo. Ninguém, exceto Deus, é capaz de oferecer a salvação; e nada, exceto
o livre-arbítrio, é capaz de recebê-la” (Agostinho apud Armínio, AS OBRAS DE
ARMÍNIO, vol. 1, pg. 595).
Segundo Agostinho, o
livre-arbítrio é necessário para que possamos receber sinceramente a salvação
obtida por Cristo ou rejeitá-la deliberadamente. Não é que o livre-arbítrio
literalmente salve, pois a salvação é exclusivamente pela graça, mas, sim, que
o livre-arbítrio é o instrumento pelo qual a graça de Deus opera salvação na
vida do pecador.
A Bíblia declara que Deus
deseja que o homem lhe preste uma verdadeira adoração, feita em espírito e em
verdade (Jo 4:23-24) e, para tanto, Deus concede livre-arbítrio ao homem, pois,
sem ele, não pode haver sinceridade na adoração. Adorar em espírito e em verdade
é adorar livremente e com sinceridade, é adorar não por imposição, mas, por
gratidão e respeito, atos estes totalmente voluntários.
Desta forma, o livre-arbítrio foi
concedido por Deus, ao homem, a fim de que Deus pudesse se relacionar
sinceramente com o homem e, em contrapartida, para que o homem pudesse tributar,
livre e sinceramente, a mais pura e verdadeira adoração a seu Criador.
Mas, será que o homem nasce
com esse livre-arbítrio? Passemos a analisar de forma mais profunda esta
capacidade.
3) LIVRE-ARBÍTRIO ANTES DA
QUEDA:
Antes da queda de Adão, o
homem possuía o livre-arbítrio, pois, Deus criou o homem com tal capacidade. A
maior prova de que Adão possuía livre-arbítrio é a sua queda, pois, quando Adão
decide pecar contra Deus, ele assim o faz no flagrante exercício de seu
livre-arbítrio. Em outras palavras, Adão pecou por que escolheu livremente
desobedecer a Deus.
Se negarmos que Adão tinha
livre-arbítrio, logo, teremos que negar que Adão seja moralmente responsável
pelo seu ato de desobediência. Se Adão não escolheu pecar, então ele pecou sem,
ao menos, desejar, pecou por causa de uma vontade externa que o compeliu
irresistivelmente a pecar, assim, ele não poderia sofrer nenhum tipo de
consequência por um ato que jamais desejou cometer, mas cometeu por uma força
predeterminante. Logo, se isto for verdadeiro, o texto de Rm 3:23 está errado,
pois, estabelece a culpa de toda a humanidade pelo pecado de Adão, sendo que
Adão nunca desejou pecar, mas, pecou por um ato predeterminante de Deus. Contudo,
ao contrário disto, quando Adão peca, ele assim faz por uma escolha livre de
sua parte e, por isso, é moralmente responsável pelo seu pecado e, igualmente,
todos nós.
Deus, ao colocar Adão e Eva no
Jardim do Édem, lhe dá uma ordem:
“E ordenou o Senhor Deus ao
homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela
comeres, certamente morrerás” (Gn 2:16-17).
Mesmo diante desta ordem, Adão
escolheu desobedecer a Deus. Aí está o seu livre-arbítrio. Mas, e depois da
queda de Adão, o homem continua tendo livre-arbítrio? Vejamos.
4) ESCRAVO-ARBÍTRIO
Até aqui, foi dito que o
livre-arbítrio é a capacidade de agir contrário à nossa natureza, ou seja, é a
capacidade de fazer escolhas morais. Também ficou consignado que, antes da
queda, Deus dotou Adão e Eva de livre-arbítrio e, no exercício do mesmo, os pais
da humanidade pecaram contra Deus.
Contudo, após a queda de Adão,
o homem continuou tendo esta capacidade de agir contrário à sua natureza? Todos
nós nascemos com livre-arbítrio?
Pois bem. Quando Adão decide,
deliberadamente, desobedecer a Deus, ele abre mão de sua liberdade e se torna
escravo do pecado. Antes da queda, Adão era livre para se relacionar com Deus,
porém, após a queda, Adão se torna escravo do pecado, todos os seus atributos
são escravizados pelo pecado, corpo, alma e espírito são acorrentados pelos agrilhoes
do poder destruidor do pecado. Após a queda, Adão e, por conseguinte, toda a
sua descendência, é destituída da glória de Deus e lançada na senzala criada
para aprisionar os escravos do pecado (Rm 3:23).
Quando Adão peca, ele mergulha
toda a humanidade no lamaçal do pecado. A partir da queda, todos os homens
nascem escravizados pelo pecado, nascem pecadores. Desta forma, não somos
pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos/nascemos pecadores. O que é
ser pecador? Nada mais é do que ser escravo do pecado e, por conseguinte, o
escravo não possui vontade própria, não tem liberdade, tudo o que faz é aquilo
que seu senhor determina. Desta forma, os pecadores são escravos do pecado e,
por isso, tudo o que faz é pecar, pois, seu arbítrio está escravizado pelo
pecado e, assim sendo, sua vontade está fatalmente inclinada para as práticas
pecaminosas que saciam o senhor da carne, qual seja: o pecado que em nós habita.
Paulo, falando sobre essa
escravidão, disse:
“Porque bem sabemos que a lei
é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço
não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.
E, se faço
o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que
agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim” (Rm 7:14-17).
Semelhantemente, em Rm 5:12,
Paulo ensina:
“Portanto, como por um homem
entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a
todos os homens por isso que todos pecaram”.
Em Rm 3:10-20, Paulo expõe a
natureza pecaminosa de todos nós quando nascemos:
“Como está escrito: Não há um
justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há
ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram
inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é
um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de
áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e
amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos
há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de
Deus diante de seus olhos. Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que
estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo
seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada
diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.
Quão trágico foi o pecado de
Adão: Antes, éramos livre na Graça, tínhamos livre-arbítrio. Agora, nascemos
escravos do pecado, sem liberdade, sem graça, sem vida espiritual, sem um jardim,
sem céu, sem Deus, tudo o que temos é um ESCRAVO-ARBÍTRIO!
Escravo-arbítrio é a
incapacidade humana de agir contrário à sua natureza pecaminosa, ou seja, o
homem, morto em seus pecados e delitos (Ef 2:1-8), não possui nenhuma força
espiritual para se libertar do pecado e escolher fazer qualquer ato salvificamente
bom. Tudo o que o homem escolhe são atos pecaminosos, as escolhas morais humanas
são sempre inclinadas para o pecado, o homem, sem a graça, é incapaz de fazer
escolhas morais boas e dignas de salvação. Somos escravos do pecado, logo,
nosso arbítrio, também, está escravizado.
Ninguém, sem a intervenção
prévia da graça, tem capacidade de escolher a Cristo, não temos capacidade de
dar um passo, se quer, em direção a Deus. Foi ciente do escravo-arbítrio, que
Deus decidiu dar o primeiro passo em nossa direção, pois, estamos totalmente imobilizados
pelos agrilhoes do pecado, e, este primeiro passo, é Jesus e sua obra
expiatória. É por isso que o Espírito Santo venho para nos convencer do pecado,
da justiça e do juízo (Jo 16:8), pois, jamais teríamos esse conhecimento
libertador através de nosso arbítrio escravizado.
Jacó Armínio sempre ensinou a
escravidão do homem pelo pecado, vejamos:
“Esta é a minha opinião
sobre o livre arbítrio do homem: Em sua condição primitiva, conforme ele saiu
das mãos de seu criador, o homem foi dotado de tal porção de conhecimento,
santidade e poder, que o capacitou a entender, avaliar, considerar, desejar, e
executar O BEM VERDADEIRO, de acordo com o mandamento a ele entregue. Todavia
nenhum destes atos ele poderia fazer, exceto através da assistência da Graça
Divina. Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de e por si
mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário
que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em
todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que
ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar,
e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito
participante desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele
está liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é
bom, todavia não sem a ajuda contínua da Graça Divina”. (AS OBRAS DE ARMÍNIO,
VOL 1).
Para Armínio, após a
queda, o arbítrio do homem é escravizado pelo pecado e, por isso, o homem não
possui nenhuma capacidade de “avaliar, considerar, desejar, e executar o que
quer que seja verdadeiramente bom”. A vontade do homem não possui mais
condições de agir contrário à sua natureza pecaminosa. É preciso que a graça
preveniente intervenha na vida do pecador e, assim, o liberte das amarras do
pecado para que, depois, ele possa ser de fato livre.
O grande reformador, Martinho
Lutero, também ensinou sobre a escravidão do arbítrio, vejamos:
“Não somente são todos
os homens, sem qualquer exceção, considerados culpados à vista de Deus, como
também são escravos desse mesmo pecado que os torna culpados. Isso inclui os
judeus, os quais pensavam que não eram escravos do pecado porque possuíam a lei
de Deus. Mas, visto que nem judeus nem gentios têm se mostrado capazes de
desvencilharem-se dessa servidão, torna-se evidente que no homem não há poder
que o capacite a praticar o bem” (Lutero, Martinho. “Nascido Escravo”, pg.21).
Negar a escravidão do
arbítrio humano é negar a fé cristã, vejamos as palavras de John Wesley:
“Aqui está o chibolete:
É o homem, por natureza, cheio de toda forma de mal? Ele está vazio de todo o
bem? Ele é totalmente caído? Sua alma está totalmente corrompida? Ou, para
voltar ao texto, é ‘toda a imaginação dos pensamentos de seu coração só má continuamente’?
Admita isso e você é, de longe, cristão. Negue isso, e você não é nada mais que
um infiel”. (Wesley
apud Olson, pg. 194).
Logo, diante de tudo até aqui
exposto, nascemos escravos do pecado e, por isso, possuímos um
escravo-arbítrio.
5) O ARBÍTRIO DO HOMEM APÓS A
SALVAÇÃO:
Como já dito, antes da queda o
homem possuía livre-arbítrio e, após a queda, o homem perdeu sua liberdade e,
por isso, nasce com o escravo-arbítrio. Desta forma, o homem não consegue realizar
qualquer escolha moral salvificamente boa, ou seja, o homem, sem a graça de
Deus, não consegue praticar atos de santidade.
Contudo, a próxima pergunta que
devemos fazer é: após o homem ser alcançado pela graça e, portanto, salvo por ela,
seu arbítrio continua escravizado pelo pecado?
Quando o homem tem contato com
a presença libertadora da Graça divina, este é liberto da escravidão do pecado
e, por conseguinte, seu arbítrio passa a ser livre. É por isso que o Arminianismo
chama a Graça de preveniente, pois, somente depois da intervenção da graça é
que o homem passa a ter livre-arbítrio, pois, a graça atua libertando o homem
da escravidão do pecado. Esta é a promessa de Jesus:
“E conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência
de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
Respondeu-lhes
Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é
servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para
sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”
(Jo 8:32-36).
O plano divino de salvação
incluiu libertar o pecador da escravidão do pecado para que, após essa
libertação, o pecador possa decidir livremente (livre-arbítrio) servir a Jesus
ou se entregar a suas próprias paixões e concupiscências.
A Bíblia, nos textos de At 3.19; Atos 13.44-48;
Atos 17.30; Rm 10.9; Rm 10.9 e 13-15; Ef 5.14; Ap 3.17-20; 2 Cro 7.14; Dt
30.19; Ml 6.8; Ap 22.17; 1Tm 1.19 e 6.12; 1Co 15.2; 1Co 16.13; Hb 11.6, ensina
o princípio da condicionalidade, ou seja, Deus condicionou a salvação do homem
à decisão livre do pecador de crer no Senhor Jesus e se arrepender de seus
pecados. Em outras palavras, para que o pecador possa ser salvo é preciso que
ele satisfaça a condição divina, qual seja: ele precisa crer em Cristo e se
arrepender de seus pecados.
Mas, como o pecador
poderá decidir livremente crer no Senhor Jesus e se arrepender de seus pecados
se ele está escravizado pelo pecado? ou seja, se ele possuiu um
escravo-arbítrio? Simples, é preciso que, antes, seu arbítrio seja libertado da
escravidão do pecado através da Graça de Deus e, assim, depois, ele passe a possuir
um livre-arbítrio que o dê condições de agir contrário a sua natureza
pecaminosa e, desta forma, possa livremente crer em Cristo e abandonar as
práticas pecaminosas.
Logo, após a salvação do
pecador, realizada exclusivamente pela graça, o salvo passa a possuir
livre-arbítrio para, com o auxílio permanente da graça, desejar, escolher e
praticar obras salvificamente boas, ou seja, para andar em santidade e negar as
obras da carne.
6) O LIVRE-ARBÍTRIO APÓS O
ARREBATAMENTO:
Considerando que antes da
queda o homem tinha livre-arbítrio; que, após a queda, o homem perde o
livre-arbítrio; que, após a salvação, o homem recebe livre-arbítrio. A próxima questão
a ser abordada é: após o arrebatamento da igreja, os salvos arrebatados
continuarão a possuir livre-arbítrio?
Levando em consideração que o
livre-arbítrio é a capacidade humana de agir contrário à sua natureza, conclui-se
que, após o arrebatamento da igreja, os salvos perderão esta capacidade.
A Bíblia ensina que, no
arrebatamento da Igreja, os crentes fiéis terão seus corpos glorificados e,
desta forma, a glorificação do corpo eliminará qualquer possibilidade de o
homem voltar a agir contrário à sua natureza e, assim, voltar a pecar lá no
céu. Paulo, tratando do arrebatamento e da glorificação do corpo, ensina:
“Eis aqui vos digo um
mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num
abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os
mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
Porque
convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto
que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se
revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da
imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a
morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a
tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a
lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus
Cristo” (1Co
15:51-57).
A glorificação do corpo do
homem, na ocasião do arrebatamento, importará na transformação do salvo em um
ser incorruptível e imortal. Logo, a incorruptibilidade eliminará, por consequência,
o livre-arbítrio humano. Pois, incorruptível é aquele que é incapaz de se
corromper (pecar) e, antagonicamente, livre-arbítrio é a capacidade de o homem
agir contrário à sua natureza e, isto inclui pecar. Logo, se seremos
incorruptíveis, perderemos o livre-arbítrio, ou seja, perderemos a capacidade
de escolher agir contrário à nossa natureza santa. Não teremos condições de
escolher o pecado, viveremos eternamente em santidade.
Por isso, digo que a nossa
escolha de servir a Jesus até o fim e, assim sermos arrebatados, implica na
decisão livre de abrirmos mão do livre-arbítrio quando formos arrebatados.
Afirmar que após o
arrebatamento continuaremos tendo livre-arbítrio é admitir que no céu existirá
a possibilidade de caímos novamente. Contudo, a Bíblia diz que seremos
incorruptíveis e que no céu não entra pecado e nem a possibilidade de pecado. Logo,
no céu não teremos livre-arbítrio, mas, no entanto, seremos plenamente livres,
pois, não estaremos mais expostos ao pecado, seremos incorruptíveis.
7) DECLARAÇÃO DE FÉ
PENTECOSTAL ACERCA DA ESCRAVIDÃO DO ARBÍTRIO:
O pentecostalismo,
tradicionalmente, crer e ensina a escravidão do arbítrio humano e sua
necessidade de libertação através da graça. Vejamos uma citação da Declaração
de Fé das Assembleias de Deus:
“A queda no Édem arruinou toda
a humanidade tão profundamente que transmitiu a todos os seres humanos a tendência
ou inclinação para o pecado. Não somente isso, contaminou toda a humanidade: “não
há um justo se quer” (Rm 3:10); “todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus” (Rm 3:23). A natureza moral foi corrompida, e o coração humano tornou-se
enganoso e perverso. Todas as pessoas estão mortas em ofensas e pecados; são
inimigas de Deus e escravas do pecado. A corrupção do gênero humano atingiu o
homem em toda a sua composição – Corpo, alma e espírito, conforme lemos em Isaias:
“Todas cabeça está enferma, e todo o coração, fraco. Desde a planta do pé até à
cabeça não há nele coisa sã” (1.5,6). Isso prejudicou todas as suas faculdades,
quais sejam: intelecto, emoção, vontade, consciência, razão e liberdade.
Portanto, o homem por si mesmo não consegue voltar-se para Deus sem o auxílio
da graça divina” (pg.
100).
Desta forma, o pentecostalismo
clássico ensina a depravação total do homem e a consequente escravidão do
arbítrio humano. Igualmente ensina que, somente com a intervenção da graça, é que
o homem passa a ter livre-arbítrio.
8) CONCLUSÃO:
O livre-arbítrio é um dom de Deus
concedido ao homem no Jardim do Édem, porém, após a queda, o homem teve seu
arbítrio escravizado e, agora, nascemos com um escravo-arbítrio. Desta forma, o
homem carece da graça de Deus a fim de que possa ser salvo e ter seu arbítrio
liberto.
Vale destacar que o
livre-arbítrio não mitiga a soberania de Deus, pois, somente um Deus soberano
pode conceder liberdade para criaturas limitadas. Logo, Deus desejou,
soberanamente, criar o homem livre para que o mesmo pudesse se relacionar com
Ele de maneira sincera e pura, não por imposição, mas, sim, com amor.
Outrossim, mesmo o homem tendo
livre-arbítrio, após a ação da graça, os méritos da salvação do homem são todos
de Cristo e não do homem. Pois, foi através da obra expiatória de Cristo que
fomos libertos da escravidão do pecado e justificados diante de Deus. Sola
gratia; sola fide; solus Christus; Sola Scriptura; Soli Deo glória!
Pb. Diego Natanael
__________________________________________________________________
DESEJA SABER MAIS SOBRE A DOUTRINA DA SALVAÇÃO? SOBRE ARMINIANISMO E CALVINISMO?
COMPRE AGORA MESMO O E-BOOK SOBRE SOTERIOLOGIA BÍBLICA, ATRAVÉS DA NOSSA PÁGINA DE COMPRA: https://go.hotmart.com/J21547477N?dp=1
DEUS PLANEJOU TE SALVAR! Para que se possa entender como a salvação é operada no interior do homem, antes, é preciso compreender como a salvação do homem se tornou possível, existiria um plano de Deus com o fim de salvar o homem e, assim, glorificar Seu nome? A Resposta é afirmativa! Somente com uma compreensão clara deste plano é que teremos capacidade de entender o porque Deus amou o mundo.
COMPRE AGORA MESMO ATRAVÉS DA NOSSA PÁGINA DE COMPRA: https://go.hotmart.com/J21547477N?dp=1
Comentários
Postar um comentário