IMORTALIDADE DA ALMA!




A antropologia bíblica apresenta o homem como sendo um ser composto por uma parte material e outra parte imaterial. Para os tricotomistas, o homem é composto pelo corpo (parte material – física), alma e espírito (parte imaterial), pois entendem que a Bíblia nos apresenta estas três constituições do homem, conforme pode se extrair, por exemplo, do texto de 1Ts 5:23. Entretanto, para os dicotomistas, o homem é composto por corpo e espírito, ou seja, eles não fazem distinção entre alma e espírito, dizem que são a mesma coisa. Já para os holísticos, o homem não possui uma parte imaterial, antes, alma, espírito e corpo são sinônimos para homem, ou seja, o homem é um ser indivisível.  Mas, tanto os tricotomistas e dicotomistas creem na composição material e imaterial do homem.

Diante disto, sabendo que o corpo do homem, parte material, é mortal e, por isso, perecível, a pergunta que passamos a fazer é: A alma do homem é mortal ou imortal? Quando o homem morre, a alma morre com o corpo?

Quanto a estas perguntas, existem duas correntes teológicas que refletem sobre a questão, quais sejam: os imortalistas (dicotomistas e tricotomistas) e os mortalistas ou aniquilacionistas (Holísticos).

Os imortalistas defendem que somente a parte material do homem, o corpo, é mortal, sendo a alma, parte imaterial, imortal, ou seja, para os imortalistas, a alma do homem não morre junto com o corpo, antes, ela se mantém viva e consciente no inferno ou no paraíso, aguardando a ressurreição do corpo.

Já os mortalistas creem que a alma é mortal, pois negam a existência de uma parte imaterial do homem. Afirmam que o homem não tem uma alma, ele é uma alma e, portanto, o homem é uma alma mortal indivisível. Para estes, quando o corpo do homem morre, sua alma seque o mesmo destino, ou seja, a alma morre junto com o corpo. Os mortalistas não creem que, após a morte do corpo, a alma do homem vá para o paraíso ou inferno, ou seja, eles não creem que a alma do homem se mantém consciente após a morte, defendem a doutrina chamada de “aniquilacionismo”. 

Mas, segundo as evidências bíblicas, qual corrente teológica está correta? Analisando a Bíblia, verifica-se que a corrente imortalista se ajusta melhor ao que a Bíblia ensina sobre a alma.

Desta forma, a Bíblia mostra que o homem é mortal quanto ao corpo físico, mas imortal quanto a alma. Outrossim, diversos textos bíblicos nos revelam que, após a morte, a alma do homem se mantém consciente no paraíso ou no inferno.

Vejamos algumas provas de que a alma é imortal:

1) A Bíblia ensina a existência de uma parte material e imaterial do homem:

Em 1Ts 5:23, o apóstolo Paulo ensina que o homem é composto de corpo, alma e espirito. Vejamos:

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Grifo nosso).

Neste texto, Paulo afirma categoricamente que o homem possui uma parte material (corpo) e uma parte imaterial (alma e espírito).

Em Hebreus 4:12 lemos que a alma é distinta do espírito:

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. (Grifo nosso).

O teólogo Elienai Cabral explica de forma didática a diferença dos três elementos do homem, vejamos:

“a) O corpo: É a parte inferior do homem que se constitui de elementos químicos da terra como oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro, iodo, ferro, cobre, zinco e outros elementos em proporções menores. Porém, o corpo com todos esses elementos da terra, sem os elementos divinos, são de ínfimo valor. No hebraico, a palavra corpo é basar. No grego do Novo Testamento, a palavra corpo é somma. Portanto, o corpo é apenas a parte tangível, visível e temporal do homem (Lv 4.11; 1Rs 21.27; Sl 38.4; Pv 4.22; Sl 119.120; Gn 2.24; 1Co 15.47-49; 2Co 4.7). O corpo é a parte que se separa na morte física.

b) A alma: É preciso saber que o corpo sem a alma é inerte. A alma precisa do corpo para expressar sua vida funcional e racional. A alma é identificada no hebraico do Velho Testamento por nephesh e no grego do Novo Testamento por psiquê. Esses termos indicam a vida física e racional do homem. Os vários sentidos da palavra alma na Bíblia, como sangue, coração, vida animal, pessoa física; devem ser interpretados segundo o contexto da escritura em que está contida a palavra “alma”. De modo geral, em relação ao homem, a alma é aquele princípio inteligente que anima o corpo e usa os órgãos e seus sentidos físicos  como agentes na exploração das coisas materiais, para expressar-se e comunicar-se com o mundo exterior. Nephesh dá o sentido literal de “respiração da vida” (Sl 107.5,9; Gn 35.18; 1Rs 17.21; Dt 12.23; Lv 17.14; Pv 14.10; Jó 16.13; Ap 2.23; Ecl 11.5; Sl 139.13-16).

c) 
O espírito: No hebraico é ruach e no grego, pneuma. O espírito do homem não é simples sopro ou fôlego, é vida imortal (Ec 12.7; Lc 20.37; 1Co 15.53; Dn 12.2). O espírito é o princípio ativo de nossa vida espiritual, religiosa e imortal. É o elemento de comunicação entre Deus e o homem. Certo autor cristão escreveu que “corpo, alma e espírito não são outra coisa que a base real dos três elementos do homem: consciência do mundo externo, consciência própria e consciência de Deus”.”. (acessado em http://www.cpadnews.com.br/blog/elienaicabral/fe-e-razao/22/a-tricotomia-do-homem.html).

Assim sendo, a Bíblia é clara ao ensinar que o homem é um ser tricotômico. Portanto, a corrente imortalista se encontra embasada na Bíblia e a corrente mortalista perde para o ensino exposto na Bíblia.   

2) A Bíblia ensina a existência de 3 tipos de mortes:

A Bíblia fala de três tipos de mortes que todo homem está sujeito, quais sejam:

           a)    A morte física: Esta é a morte do corpo, parte material do homem (Hb 9:27);

           b) A morte espiritual: É o nosso afastamento de Deus, ou seja, quando pecamos no Jardim do Édem, fomos destituídos da presença de Deus (Rm 3:23).

          c)    A morte eterna: Essa é a condenação eterna do ímpio ao ser lançado no inferno e, posteriormente, no lago de fogo. Ali ele estará eternamente apartado da presença salvífica de Deus (Ap 20:14; 21:8).

Porém, a Bíblia, em lugar nenhum, fala da morte da alma do homem.

3) A Bíblia fala da ressurreição do corpo e não dá alma:

Em toda a Bíblia nós lemos a promessa da ressurreição do corpo do homem, mas não da alma. Em 1Cor 15:35, 36, 52-54 lemos acerca da ressurreição do corpo e seu revestimento de imortalidade.

Se a alma é mortal e, portanto, morre com o corpo, a ressurreição deveria ser do corpo e da alma. Contudo, o texto sagrado fala tão somente da ressurreição do corpo, haja vista que a alma não morre, mas permanece viva e consciente no céu ou inferno (estado intermediário) aguardando a ressurreição do corpo.

4) Imortalidade da alma na Bíblia:

A Bíblia está repleta de textos que confirmam a doutrina da imortalidade da alma, ou seja, as Sagradas Escrituras ensinam que a alma do homem é imortal.

4.1) Mateus 10:28:

Em Mateus 10:28 temos a prova cabal da imortalidade da alma, vejamos:

“E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”. (Grifo nosso).

Neste texto é fácil perceber que os homens podem matar o corpo, mas são incapazes de matar a alma, pois a mesma é imortal.

Mas, os mortalistas alegam que a alma pode morrer, pois a parte final do texto de Mt 10:28 diz que Deus pode matar a alma. Contudo, não é isso que o texto está dizendo, em Mt 10:28 Jesus diz que a alma é imortal, mas que, mesmo assim, esta alma poderá perecer (sofrer) no inferno.

O texto de 2Pe 2:9 nos ajuda a entender a segunda parte de Mt 10:28, vejamos:

“é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo”.

Em 2Pe 2:9, Pedro ensina que, após a morte, Deus reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo”, ou seja, após a morte do corpo, o que é reservado sob castigo? Simples: a alma!

Desta forma, o homem pode até matar o corpo, mas não pode matar a alma. Mas, Deus pode fazer com que a alma esteja sob castigo no inferno.

4.2) 2ª Coríntios 5:1 e 8:

No texto de 2ª Coríntios 5:1 e 8, Paulo estabelece o ensino de que se o corpo morrer, teremos uma habitação para alma no céu. Para o apóstolo Paulo, era certo que se ele morresse naquela hora, sua alma encontraria imediatamente ao Senhor. Vejamos:

“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. [...] Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor”.

Se a alma fosse mortal, Paulo deveria ter dito que, quando morrer, ele aguardaria a ressurreição do corpo para encontrar com Jesus. Mas não foi isso que ele disse, ele esperava encontrar imediatamente com Cristo caso morresse. Paulo expressa estas palavras, também, no texto de Fp. 1:20-23.

4.3) O ladrão na cruz:

Jesus, quando estava pendurado na cruz, teve uma conversa com um ladrão que também estava sendo crucificado. Este ladrão pede que Jesus lembrasse dele quando fosse voltar para seu reino, e a resposta de Jesus foi taxativa:

“Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23:43).

Para a tristeza dos mortalistas, Jesus prometeu que o ladrão estaria com Jesus no paraíso naquele mesmo dia. Ora, como o ladrão estaria com Jesus no paraíso se este mesmo ladrão morreu? Simples: seu corpo de fato morreu, mas sua alma é imortal e, portanto, sua alma foi para o paraíso naquele mesmo dia em que seu corpo físico morreu.

4.4) A história do Rico e do Lázaro

No texto de Lucas 16:22 e 23, Jesus nos apresenta uma verdade: Quando o corpo morre, a alma do justo permanece viva e consciente no céu e a alma dos ímpios permanecem conscientes e em sofrimento no inferno. 

Vejamos o texto de Lucas 16:22 e 23:

“Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio”.

Se a alma fosse mortal este texto estaria se baseando em uma mentira. Contudo, mesmo que o texto de Lucas 16 fosse uma parábola, sabemos que toda parábola se vale de elementos reais para ensinar uma verdade, ou seja, a consciência da alma do Rico e de Lázaro faz parte da realidade sobre a imortalidade da alma.

4.5) Apocalipse 6:9:

Em Apocalipse 6:9 lemos que as almas dos mártires no período da grande tribulação estarão conscientes no céu, ou seja, apesar de seus corpos estarem mortos, suas almas estarão conscientes no céu. Vejamos;

“Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam”.

 4.6) Os Fariseus criam na imortalidade da alma:

Os mortalistas alegam que os judeus do Novo Testamento não criam na imortalidade da alma, sendo, portanto, um ensinamento imposto pela cultura helenística e que não possui apoio bíblico.

Contudo, a Bíblia mostra que os Fariseus do tempo de Jesus criam na imortalidade da alma, vejamos o texto de Atos 23:8:

“Pois os saduceus declaram não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito; ao passo que os fariseus admitem todas essas coisas”. (Grifo nosso).

No texto de Atos, fica claro a crença na imortalidade na medida em que o texto diz que os fariseus criam em ressurreição, em anjos e em espíritos. Ora, termo “espíritos” se refere a almas desencarnadas que se encontravam no inferno ou no seio de Abraão.

O texto de Eclesiastes 12:7, mostra que a crença na imortalidade da alma também estava presente entre os judeus do Antigo Testamento.

4.7) A origem da alma:

Para Platão a alma era incriada e, portanto, eterna, coexistindo com Deus. Por ser eterna, a alma era imortal. Desta forma, para Platão, o corpo era a prisão da alma e sua morte significava a libertação da alma.

Contudo, a imortalidade da alma ensinada pela Bíblia é completamente diferente daquela ensinada por Platão. Para o Cristianismo, a alma é imortal pelo fato de Deus ter criado ela com esse status, ou seja, a alma não é eterna, pois foi criada por Deus, contudo a alma é imortal porque Deus comunicou sua imortalidade para a alma do homem. A imortalidade da alma humana não é por essência, mas por comunicação de Deus.

Quanto a origem da alma, existem 3 teorias:

     A)   Preexistencialismo: Esta teoria defende que as almas dos homens existem antes da formação do corpo dos mesmos, ou seja, a alma preexiste ao corpo. Para esta teoria, a alma do homem foi criada antes do corpo, tendo uma vida consciente com Deus no céu antes de ela possuir um corpo físico. De certa forma, Platão era preexistencialista, pois cria que a alma era incriada e eterna.

      B) Criacionista:  Deus cria uma alma nova no momento da concepção do corpo na barriga da mãe, ou seja, quando ocorre a formação do feto na barriga da mãe, Deus cria uma nova alma para este corpo. Esta teoria era defendida por Pelágio que, por sua vez, negava a doutrina do pecado original, pois dizia que a alma do homem nasce pura porque Deus não cria algo ruim.

     C) Traducionista: esta teoria defende que Deus conferiu ao homem a capacidade de criar outro ser humano de forma completa, ou seja, com um corpo, alma e espírito. Para o traducionismo, são os pais que, na relação sexual, criam a alma do bebê e que esta capacidade foi dada por Deus (Gn 1.28; 2.7).

A Bíblia é enfática ao ensinar que Deus conferiu ao homem a capacidade e o dever de criar outro ser humano com corpo, alma e espírito (Gn 1.28; 2.7). Assim sendo, a teoria traducionista encontra respaldo bíblico.


4) CONCLUSÃO:

A imortalidade da alma não é apenas uma teoria, mas, antes de mais nada, é uma doutrina ensinada pela Bíblia. Por isso, devemos nos atentar para as palavras de Jesus em Mt 10:28:

“E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”.


Pb. Diego Natanael.

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