APOLOGÉTICA CRISTÃ: BÍBLIA E CIÊNCIA, EM BUSCA DA VERDADE!



1) JESUS, O CAMINHO QUE NOS CONDUZ A VERDADE:

Quando se fala da relação entre ciência e Bíblia, a questão da verdade é o centro de todo o debate. Pois, ciência e Bíblia se preocupam em nos revelar a verdade, porém, o que é a verdade?

Para o Dicionário Wycliffe, a palavra verdade significa:

Do heb. ‘emuna’, firmeza, estabilidade. Do gr. ‘aletheia’. Em 1912, o Dicionário Webster definiu verdade como: ‘Conformidade a fato ou realidade; exata concordância com aquilo que é, foi ou será’”.

Verdade, portanto, é aquilo que revela com exatidão a realidade sobre algo ou alguém.

Muitos, ao longo da história da humanidade, tentaram nos revelar a verdade. Para a serpente, no jardim do Édem, a verdade era o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal; para Eva, no jardim do Édem, a verdade era a serpente; para Adão, no jardim do Édem, a verdade era Eva. Contudo, quando o Deus da verdade se apresentou à Adão, Eva e a Serpente, suas pseudoverdades foram desmascaradas diante da presença reveladora de Deus.

Platão (427-347 a.C) cria numa verdade ontológica que estabelecia a ideia de que “se o ser é como deve, então é verdadeiro”. Para Platão, o ser de cada homem revela verdades primitivas que, no fim, nos levam a uma verdade eterna e imutável. Assim sendo, Platão diz que devemos buscar a verdade, ao mesmo tempo, na alma, pois ela é a essência do ser, e nos deuses, pois eles são os criadores da alma. Infelizmente, Platão era um pagão politeísta, mas, a essência de sua filosofia nos revela uma lição, qual seja: a verdade se revela em nós, mas, ao mesmo tempo, extrapola a essência do homem, tendo sua origem divina.

Para Aristóteles (384-322 a.C), a verdade era tudo aquilo que poderia ser compreendido pela razão, excluindo, assim, tudo aquilo que dependeria da fé; para Tales de Mileto (621-543 a.C) a verdade que originou a vida era a água; para Anaximandro de Mileto (610-547 a.C), a verdade que originou a vida era o apeiron; para Demócrito (460-370 a.C) a verdade era entendida através do átomo; o Budismo nega a existência de uma verdade pessoal ou uma mentira absoluta; para a ciência a verdade é tudo aquilo que pode ser compreendido através do método científico.

Mas, a Bíblia nos revela, de fato, a verdade, qual seja: JESUS CRISTO! Contrariando os filósofos gregos, Buda e a ciência moderna, Jesus se apresenta como o único caminho para alcançar a verdade, e não só isso, Jesus se apresenta como sendo a verdade.

Em João 14:6 o próprio Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”.

Mas, que tipo de verdade Jesus é? vejamos:

1.1) Jesus, a verdade absoluta!

Apesar da teoria da relatividade ter sido desenvolvida, em 1905, por Albert Einstein, o conceito de verdade absoluta e relativa já existia na época de Cristo. Naquela época, influenciados pela cultura helenística, os judeus, assim como os romanos, acreditavam na existência de verdades relativas e, também, criam que existiam poucas verdades absolutas.

O sinédrio judaico era um bom exemplo da existência de verdades relativas. Pois, nele existiam representantes das diversas facções judaicas, tais como os helenistas, herodianos, saduceus, fariseus, essênios, etc. Estes, se reuniam no sinédrio a fim de tomarem decisões construídas através do embate oral, onde o melhor argumento era tido como verdade, porém, relativa. Se outra pessoa apresentasse um argumento melhor, aquele argumento, tido como verdade, era considerado mentira e o novo argumento era erigido como verdade relativa.

Verdade relativa é toda verdade sujeita a mudanças, que pode ser questionada, que muda de acordo como local, interesses, cultura e época. Já a verdade absoluta é aquela que é inquestionável, incontestável, imutável, que não se adéqua aos interesses pessoais, mas, sim, que exige que os interesses pessoais se adequem a ela.

Desta forma, quando Jesus disse que ele é a VERDADE (Jo 14:6), Jesus estava dizendo que em meio a tantas verdades relativas, mutáveis, questionáveis, Ele, Jesus, era, e ainda é, a verdade absoluta, inquestionável, incontestável, imutável e eterna. Jesus, ao dizer que é a verdade, estava dizendo que ele é tudo o que o homem busca, pois, todo homem, desde a mais tenra idade, anseia pela verdade e, sabendo disto, Jesus se apresenta como o logos, a palavra e verdade encarnada e revelada ao homem a fim de produzir transformação.

Portanto, a verdade, para Jesus, não é algo inerente ao homem, apesar de existir revelação dela dentro do homem, antes, a verdade é algo que transcende ao homem, a verdade reside no próprio Deus e, portanto, somente ele pode nos revelar a verdade. Assim sendo, uma ciência humanista e antropocêntrica jamais conseguirá alcançar a verdade plena sobre todas as coisas, pois, à procura dentro do homem e, não, em Deus ou em sua revelação. 

Jesus é o único caminho para alcançarmos a verdade e, só conheceremos a Jesus, se conhecermos a sua inspirada palavra, a Bíblia!

1.2) Para que buscar a verdade?

A Bíblia também nos adverte sobre a necessidade de buscarmos a verdade, pois ela nos libertará (Jo 8:32).

Precisamos da verdade, pois, é ela que nos liberta da ignorância intelectual e espiritual. A verdade lança “luz na nossa mente e fogo no nosso coração” (Hernandes Dias Lopes).

Em João 14:6 o próprio Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”.

As palavras de Cristo, em João 14:6, nos fornecem 4 lições sobre a verdade, vejamos:

a) A verdade requer que trilhamos um caminho e, biblicamente, este caminho é Jesus. Por isso, Jesus inicia sua fala dizendo que Ele é o único caminho, pois, em meio a tantos atalhos que não clareiam a nossa mente e espírito, Ele é o caminho que nos conduz ao conhecimento exato da realidade da criação física e da realidade espiritual. Para alcançar a verdade é preciso percorrer um caminho, pois, senão estaremos fadados a paralisante ignorância espiritual e intelectual;

b) A verdade é expressa como sendo o próprio Jesus, pois, ele é a revelação encarnada do criador. Nem a ciência e nem a filosofia conseguem separar a verdade de Cristo. Por traz de toda descoberta científica, Jesus continuará sendo a causa primária da criação e, portanto, a única verdade eficazmente necessária.

c) A verdade está inexoravelmente ligada a vida. Jesus disse que é a verdade e a vida, pois, a verdade produz vida, ela nos conscientiza sobre a nossa origem, sobre quem somos e para onde vamos. Quando a verdade se revela ao homem, ele passa viver de forma consciente e responsável.

d) Jesus, no texto de Jo 14:6, estabelece o seguinte raciocínio: a verdade não somente produz vida, ele nos dá acesso a Deus, pois, ninguém vem ao pai a não ser através da verdade e, esta verdade é Cristo!

2) A VERDADE NÃO É IDEOLÓGICA, A CIÊNCIA PODE SER:

A verdade, como já dito, é aquilo que revela com exatidão a realidade sobre algo ou alguém. Assim sendo, a verdade é imparcial e, por isso, não se sujeita a qualquer manipulação ou distorção. A verdade não é o que queremos, mas, sim, o que de fato é, independente de nossas vontades. A verdade se sustenta, doa a quem doer, pois ela é inquestionável, inflexível, imparcial e pura.

Já a ideologia pode ser entendida no sentido neutro ou crítico. Vejamos:

“No senso comum o termo ideologia é sinônimo ao termo ideário, contendo o sentido neutro de conjunto de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas. Para autores que utilizam o termo sob uma concepção crítica, ideologia pode ser considerado um instrumento de dominação que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da força física) de forma prescritiva, alienando a consciência humana”. (Paráfrase do texto de Pompeo, Flávio Sposto (13 de abril de 2008). «Sobre a Ideologia». consciencia.org. Consultado em 9 de janeiro de 2012;  acesso em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ideologia#cite_ref-CONSC_1-0).

Desta forma, a ideologia é um conjunto de suposições/ideias que não podem ser defendidas como verdade absoluta, pois, a mesma é dotada de parcialidade e, portanto, é moldada de acordo com os interesses de seus adeptos, com os fatores sociais e econômicos, sendo, assim, manchada pela impureza dos interesses escusos e falíveis dos homens. 

A verdade é imparcial, imutável e, portanto, pura. Já a ideologia é parcial, mutável e, por conseguinte, maculada pelos interesses humanos.

Na modernidade e, principalmente, na sociedade pós-moderna, a ciência foi erigida como a mais nova divindade, tornando-a um instrumento de manipulação dos fatos ao invés de demonstração da realidade.

A ciência, da forma como é praticada hoje, é extremamente ideológica e, portanto, parcial. O neoateísmo é o novo modo de se fazer ciência, onde qualquer evidência científica que sustente o criacionismo científico ou teísta é ocultada pelos ideólogos da ciência neoateísta. O Naturalismo é, do mesmo modo, ideológico, pois se sustenta na teoria darwinista da evolução, rejeitando qualquer evidência criacionista e, por vezes, manipulando fatos e dados a fim de sustentar uma ciência ateísta. Os cientistas naturalistas fazem ciência partindo do pressuposto ateísta e, portanto, carregados de preconceitos quanto ao teísmo e/ou criacionismo científico.

Assim sendo, a ciência se tornou ideológica, sendo manipulada de acordo com as convicções pessoais dos cientistas e, portanto, impossibilitando que a ciência cumpra o seu papel de revelar a verdade, ou seja, de revela com exatidão e imparcialidade a realidade sobre algo ou alguém.

A religião cristã, por outro lado, não pode ser equiparada à ideologia, pois, o sentimento religioso e a necessidade de adoração a algo ou alguém superior trata-se de elemento inerente a natureza humana. Desde as civilizações antigas até a sociedade pós-moderna o sentimento religioso se mantém vivo nas pessoas. Mesmo diante das tentativas do movimento neoateísta de eliminar o sentimento religioso da sociedade pós-moderna, a religiosidade, principalmente cristã, se mantém viva. A ideologia morre, mas a verdade não!

Vale ressaltar que a religião pode se expressar de forma ideológica, porém, não pode ser confundida ou generalizado como mais uma ideologia.

Alan Richardson, em seu livro “Apologética Cristã”, diz que o Cristianismo não pode ser equiparado a ideologia, pois:

Existe um certo cerne bem forte da crença e da experiência cristã que tem persistido na Igreja, do primeiro século até o nosso (XX); bem como certas afirmações, bem específicas e precisas, sobre Deus, sobre Cristo, sobre a natureza e o destino humano – afirmativas feitas pela Igreja em cada século; e elas têm prevalecido através dos mais variados tipos de sistemas sociais e têm sobrevivido a todas as ideologias lançadas por tais sistemas. [...] A expressão social da religião cristã tem variado consideravelmente, juntamente com as variações dos costumes sociais e das estruturas econômicas. Mas não é exato afirmar-se que os conceitos centrais da fé cristã se têm mudado com os mutáveis desenvolvimentos sociais e econômicos” (Richardson, Apologética Cristã, pg 56-57).

Desta forma, o Cristianismo, na sua origem e essência, não é e não pode ser equiparado a ideologia. Mas, as suas verdades centrais podem ser expressas de forma ideológica de acordo com a época, contudo, isso não pode ser utilizado como argumento a fim de equiparar a fé cristã a uma ideologia. A fé cristã pode até estar contida em uma ideologia, mas ela não está limitada a mesma, ela extrapola qualquer noção ideológica.

Ademais, o Cristianismo se sustenta pela Bíblia, palavra inspirada por Deus, e, portanto, se funda na verdade absolta e não em uma verdade ideológica.

3) O QUE É CIÊNCIA?

A ciência pode ser entendida como sendo o conjunto de conhecimento sistematizado construído a partir da aplicação do método científico (observação, identificação, pesquisa e explicação), destinado a compreender a realidade exata de tudo o que existe.

O cientista cristão Adauto Lourenço, em seu livro “Gênesis 1 e 2: a mão de Deus na criação”, faz uma observação interessante quanto ao conceito e as limitações da ciência, vejamos:

Uma das funções da ciência é procurar desvendar os mistérios relacionados com o surgimento (gênesis) da vida e do universo. E para tanto, ela trabalha com uma quantidade limitada de evidências, mais as limitações da capacidade de raciocínio e lógica que todo cientista possui para interpretar corretamente essas poucas evidências” (Adauto Lourenço, pg 51).

Desta forma, a ciência não é um instrumento inquestionável e ilimitado da verdade. A mesma, possui limitações que a torna, tão somente, uma das formas de compreensão da realidade, mas não a única.

Existem várias posições científicas com implicações teológicas, vejamos algumas:

a) Naturalismo: trata-se de uma teoria materialista que ensina que a natureza corresponde a tudo o que existe e, portanto, nega a existência de qualquer coisa que não possa ser explicada pelo fenômeno natural. Tal teoria científica não possui compatibilidade com as verdades bíblicas, pois rejeita tudo o que não pode ser explicado por processos naturais e, portanto, rejeita a existência de Deus.

b) Evolucionismo Ateísta: Ensina que tudo o que existe decorre de um processo natural de evolução das espécies de forma que o homem é resultado de um processo evolutivo e não de um ato de criação. Para esta teoria, o universo e os seres vivos não foram criados, cada um conforme a sua espécie, mas, sim, eles vieram a existir por um processo natural de geração espontânea e, em seguida, por um processo de evolução. Tal teoria é incompatível com aquilo descrito pela Bíblia, pois, a Palavra de Deus ensina que o homem e tudo o que existe foram criados pelo poder de Deus.

c) Evolucionismo Teísta: trata-se de uma teoria, mais teológica do que científica, que tenta compatibilizar a Bíblia com a teoria da evolução, ensinando que Deus criou um universo primitivo e, a partir daí, este universo foi se evoluindo naturalmente de forma a surgir a vida na terra e, por conseguinte, o homem. Para o Evolucionismo teísta, Deus não criou diretamente o homem, mas, sim, Deus criou tudo o que foi necessário para que a criação evoluísse e originasse o homem.  Os evolucionistas teístas não interpretam o livro de Gênesis de forma literal, mas, sim, de forma simbólica. Tal teoria, da mesma forma que o evolucionismo ateísta, corrompe aquilo que a Bíblia ensina e nega a criação direta do homem por Deus.

d) Criacionismo: o Criacionismo é uma cosmovisão que ensina que tudo o que existe, o universo e os seres vivos, decorrem de um ato criador inteligente e, portanto, decorrem de Deus. O criacionismo pode ser religioso (temático) ou, especificadamente, Bíblico (descritivo).

e) Criacionismo Científico: Ensina que toda a complexidade encontrada no universo decorre de um ato criador intencional, ou seja, o Criacionismo científico ensina que “existem provas substanciais na biosfera, acima da biosfera e abaixo da biosfera que comprovam que o universo foi criado por um criador pessoal e que essa criação aconteceu ex nihilo – do nada” (Adauto Lourenço, “Como tudo começou, pg 36).  

O Criacionismo Científico se baseia em pesquisas científicas e não em pressupostos religiosos. Tal teoria pode trazer implicações teológicas, pois, se comprovado cientificamente que o universo foi criado, tais comprovações corroboram a Bíblia. Existiram vários cientistas criacionistas ao longo da história, tais como: Francis Bacon (um dos fundadores do método científico empírico); Galileu Galilei (foi um dos primeiros a propor e comprovar cientificamente a esfericidade do planeta Terra); Johannes Kepler (responsável por elaborar a lei do movimento planetário); Blaise Pascal (brilhante matemático); Robert Boyle (um dos fundadores da química); Isaac Newton (astrônomo e físico que elaborou diversas leis científicas que são a base da ciência moderna); Gregor Mendel (pai da genética); John Dalton (pai da teoria atômica moderna); uma lista maior pode ser encontrada na pg 238 do livro “Como tudo começou” de Adauto Lourenço.

f) Teoria do Design Inteligente: Essa é uma teoria científica que se baseia na perspectiva de que existem sinais de inteligência criadora na natureza e, estes sinais, comprovam que o universo foi criado por uma inteligência organizadora e não surgiu por obra do acaso.

Ela também é conhecida como a teoria da informação, pois, estabelece que existem informações na natureza que indicam a existência de um design inteligente.

Adauto Lourenço, no seu livro “Como tudo começou”, explica do que se trata a teoria do design inteligente, vejamos:

Design significa desenho, projeto, plano, tipo de construção ou planejamento. Basicamente, a Teoria do design inteligente (TDI) é uma teoria científica com consequências empíricas e desprovida de qualquer compromisso religioso. Ela se propõe a detectar empiricamente se o design observado na natureza é um design genuíno (produto de uma inteligência organizadora) ou um produto do acaso, necessidades e leis naturais” (Adauto Lourenço, “Como tudo começou”, pg 44).

A teoria do design inteligente se baseia, portanto, em duas premissas:

a) As complexas estruturas biológicas e cosmológicas exigem causas inteligentes que as expliquem; e

b) Essas causas inteligentes podem ser cientificamente percebidas e estudadas.

É importante salientar que a teoria do design inteligente não se propõe a indicar um criador específico, ela se propõe a estudar e provar, cientificamente, que o universo é obra de uma inteligência organizadora e não fruto do acaso.

Mas, a Teoria do Design Inteligente é compatível com o Criacionismo Científico?

A Teoria do Design Inteligente pode trazer implicações na Teoria do Criacionismo Científico e vice-versa, contudo, elas não são necessariamente compatíveis. A Teoria do Design Inteligente busca descobrir e estudar as informações na natureza que comprovam sinais de inteligência, contudo, ela não se propõe a descobrir e indicar a origem destes sinais de inteligência, ou seja, ela estuda os sinais de inteligência, mas não se preocupa em  dizer qual é essa inteligência. Já o Criacionismo Científico, também conhecido como Teoria da Criação Especial, se propõe a estudar os sinais de inteligência na natureza e de associá-los a um criador, ou seja, o Criacionismo Científico busca e estuda os sinais de inteligência criadora na natureza e estabelece que estes sinais possuem origem em um criador.

Adauto Lourenço diz que “aceitar a existência de um criador é um ato racional. Aceitar quem é o criador é um ato de fé” (Adauto Lourenço, “Como tudo começou”, pg 55).

3.1) COMO ALCANÇAR A VERDADE?

3.1.1) A Ciência estabeleceu o “método científico” como meio de alcançar a verdade: O método científico estabelece o princípio de que tudo que pode ser compreendido e tido como verdade decorre da observação, da formulação de uma hipótese, da experimentação, da interpretação dos resultados e, por fim, da conclusão. Assim sendo, para que algo seja considerado cientificamente verdadeiro, é preciso que ele seja, essencialmente, observável e sujeito a experimentação. Logo, muitos elementos da fé cristã não podem ser objeto de observação e, tão pouco de experimentação, tais como: Deus, Jesus, Espírito Santo, a fé, os dons espirituais, a presença de Deus na igreja, etc. Contudo, alguns elementos da fé cristã podem ser observáveis e experimentados cientificamente, tais como: a criação da natureza, a criação dos seres vivos, a historicidade da Bíblia, a origem do universo, etc.

3.1.2) A Bíblia estabelece um método para alcançar a verdade: A fé em Jesus: A fé é o ele que liga a razão e experiência e as eleva ao nível biblicamente exigível para conhecer a verdade salvífica revelada por Deus. Quando dizemos que a fé é um método biblicamente válido para alcançar a verdade, não estamos dizendo que a fé exclui a razão, muito pelo contrário, a fé bíblica é a aquela que se apoia na razão, mas não se limita nela. Logo, aquilo que não conseguimos entender exclusivamente pela razão (método científico), certamente entenderemos pela fé (Hb 11:6). 

4) A CIÊNCIA NA VIDA DOS JOVENS CRISTÃOS:

Segundo uma pesquisa realizada pela LifeWay Research, 66% dos jovens que entram para faculdade abandonam a igreja por pelo menos um ano de faculdade e muitos são os que não retornam para a igreja. O motivo, segunda a pesquisa, é, dentre outros, por causa do conflito entre religião e a ciência ateísta da modernidade.

Este dado é preocupante e expõe a deficiência da Igreja ao não realizar com excelência seu papel apologético de defesa da fé cristã. A apologética cristã é necessária exatamente para fornecer suporte racional e espiritual para a fé dos crentes, dentre eles, os jovens que ingressam na faculdade.

Jovens que conhecem os fundamentos racionais, teológicos, bíblicos e espirituais da sua fé, tendem a serem cristãos fieis e defensores da fé cristã na faculdade. Porém, diante da falta de discipulado destes jovens cristãos, os mesmos são facilmente convencidos pelo ateísmo científico ou progressismo político do mundo moderno.

Precisamos mostrar para a juventude moderna que a ciência não é, necessariamente, antagônica a fé cristã, muito pelo contrário, a ciência pode corroborar a fé cristã em vários aspectos.

É preciso secundarizar os cultos de entretenimento que visam agradar o ego da juventude e priorizar o estudo da Palavra de Deus. Pois, esta geração só fará a diferença, nesta sociedade corrompida, se ela se volta para os rudimentos da fé genuinamente bíblica e transformadora (Hb 6:1). 

5) COMPATIBILIZANDO AS VERDADES CIENTÍFICAS COM AS VERDADES BÍBLICAS:

A Bíblia e a Ciência não estão, necessariamente, em uma posição inexoravelmente antagônica. A Bíblia nos revela as verdades da revelação divina especial (a própria Bíblia e o próprio Cristo constituem a revelação especial de Deus), ao passo que a ciência nos revela as verdades da revelação divina geral (a natureza, o universo, etc). Ambas nos revelam a verdade de perspectivas diferentes, pois, a Bíblia nos apresenta a verdade através da inspiração direta de Deus, já ciência nos apresenta a verdade analisando a natureza, os animais, o universo, a criação.  

Desta forma, a ciência, sem a interferência ideológica do ateísmo e naturalismo, tem prestado um importante papel na busca pela verdade e, por vezes, tem corroborado as verdades bíblicas. Assim sendo, é possível compatibilizar as verdades e leis científicas com aquelas verdades constantes na Bíblia.

As descobertas e leis científicas corroboram a Bíblia, vejamos:

5.1) Lei da Biogênese: Esta lei científica, desenvolvida por Louis Pasteur, constata uma regra percebida na natureza, qual seja: vida só pode ser gerada por outra vida. Para esta lei científica, para que haja vida é preciso que exista, antes de mais nada, um princípio vivo capaz de gerar vida.

Se submetermos a teoria da evolução, teoria esta aceita como verdade absoluta pelos cientistas naturalistas e ateus, as regras da lei da biogênese, perceberemos que o evolucionismo não se sustenta diante desta lei científica, pois, o evolucionismo parte da premissa de que a matéria inanimada (sem vida) deu origem aos seres vivos (matéria animada), ao passo que a lei da biogênese diz que somente algo ou alguém vivo pode gerar vida.

Já o criacionismo ensina, com base na Bíblia, que um Deus vivo criou seres vivos (Gn 1:26). A afirmação bíblica está, portanto, de acordo com a lei da biogênese, ou seja, a lei da biogênese corrobora a Bíblia.

5.2) Primeira lei da termodinâmica: Esta lei científica é também conhecida como a lei da conservação de energia. A primeira lei da termodinâmica ensina que energia não se cria ela apenas se transforma. Diz, ainda, que a quantidade de energia existente no universo se mantém constante (invariável) de tal forma que sua quantidade é a mesma desde a origem do universo até os dias de hoje. A energia constante no universo nunca é gerada ou perdida, ela apenas se transforma, mas se mantém em mesma quantidade, nem mais, nem menos.

Se compararmos as afirmações evolucionistas com a primeira lei da termodinâmica, perceberemos, mais uma vez, que a teoria evolucionista não se sustenta. Pois, o evolucionismo afirma que a energia do universo está se expandindo de tal forma que ela mesmo passa por um processo de evolução e, assim sendo, a quantidade de energia que existia na origem do universo não é a mesma de hoje. Enquanto a primeira lei da termodinâmica diz que a energia se conserva quantitativamente desde sua origem, o evolucionismo diz que esta energia evolui.

A Bíblia ensina que Deus criou o universo e, portanto, criou a energia de forma perfeita e sem necessidade de alteração (Gn 2.1). Assim sendo, a primeira lei da termodinâmica corrobora o texto bíblico.

5.3) Segunda lei da termodinâmica: esta lei estabelece que a entropia aumenta, ou seja, o universo caminha de níveis organizados para níveis cada vez mais desorganizados. Pois, apesar de sempre existir a mesma quantidade de energia, esta energia está se transformando em energia menos utilizável pelo universo e, por isso, os sistemas do universo tendem a se desorganizarem.

O evolucionismo diz exatamente o contrário, ou seja, que o universo, devido ao processo de evolução, caminha de níveis desorganizados para níveis organizados. A teoria do evolucionismo entende que o processo de evolução aperfeiçoa o universo.

Já a Bíblia ensina que Deus criou todas as coisas perfeitas e organizadas, porém, o pecado trouxe desordem a criação de Deus. Desta forma, segundo a Bíblia, o pecado trouxe desordem progressiva para o universo e, por isso, o universo caminha para o caos. A segunda lei da termodinâmica corrobora a Bíblia.

5.4) Lei da causalidade ou causa e efeito: Esta lei científica estabelece o conceito de causa e efeito, ou seja, tudo o que existe (efeito) possui uma causa que justifica sua existência. Desta forma, para todo efeito existe uma causa anterior e, portanto, tudo o que existe possui uma causa primária que justifica e sustenta a existência de tudo. A lei da causalidade estabelece, ainda, que a causa deve ser quantitativamente maior e qualitativamente melhor do que o efeito e, por isso, a causa sempre será maior e melhor do que o efeito.

A causa primária do universo tem que ser viva, inteligente e moral (Pessoal); Livre e eterna, pois, nada além disto pode justificar a existência do universo.

O evolucionismo desmorona diante da lei da causalidade, pois, a teoria da evolução sustenta que o universo surgiu a partir do “big bang” e, desta forma, matérias inanimadas são a causa dos seres vivos. Ensina, ainda, que a causa da existência do homem é um primata, pois, o homem evoluiu dele.  A proposta evolucionista diz que o efeito é maior que a causa e, portanto, vai contra a lei da causalidade.

A própria teoria do big bang já é questionada pelos cientistas, pois, foram descobertos buracos negros mais antigos do que o período estimado do big bang, ou seja, se existe algo anterior ao big bang, logo, o universo não deve ter surgido dele.  

Já a Bíblia, ensina que o universo e o homem são efeitos dos atos criadores de Deus, ou seja, tudo o que existe, matéria inanimada e seres vivos, possui como causa primária o próprio Deus. Desta forma, o que a Bíblia diz está de acordo com a lei da causalidade, pois, Deus sendo a causa, é quantitativamente maior e qualitativamente melhor do que o efeito que somos nós.

5.5) O Código Genético: cientistas da Universidade de Basel, na Suíça, descobriram, ao analisar o DNA humano, que todos os seres humanos descendem de um único causa.

Ao analisar o DNA de 5 milhões de animais, os pesquisadores descobriram, ainda, que 9 a cada 10 espécies de animais descendem de um par de animais, conforme a sua espécie. (acessado em: https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/todos-os-seres-humanos-descendem-de-um-unico-casal-sugereestudo-11122018).

Esta descoberta científica corrobora a Bíblia na medida que a Palavra de Deus diz que todos nós somos descendentes de um único casal: Adão e Eva. A Bíblia ainda diz que os animais que existem hoje descendem daqueles casais de animais que foram colocados na arca de Noé.

5.6) Princípio Antrópico: Este princípio estabelece que a compreensão da complexidade do universo e da vida nos revela indícios de que o universo foi ajustado cuidadosamente a fim de que existisse vida aqui terra. Todas as leis da física e da biologia trabalham harmoniosamente a fim de que a vida existisse no planeta Terra e, pelos indícios científicos, esta complexidade não pode ter sido originada pelo a caso, mas, sim, por um organizador inteligente e, portanto, pessoal.

Para o princípio antrópico a complexidade que justifica a existência da vida não pode ter existido por uma geração espontânea, mas, sim, por um organizador que ajustou inteligentemente todas estas leis a fim de que propiciassem o surgimento da vida.

A “tese do relojoeiro” explica o princípio antrópico da seguinte forma:

“[...] assim como as partes de um relógio são perfeitamente construídas com o propósito de informar o tempo, assim também todas as partes do olho humano foram construídas com o propósito de enxergar. [...] Imagine uma pessoa desmontando um relógio a fim de aprender tudo o que for possível sobre ele, sobre os materiais dos quais foi feito, sobre seu funcionamento e sobre as partes que o compõem e que, interagindo entre si, fazem com que ele funcione. Essa pessoa poderia aprender o suficiente para até mesmo fazer outro relógio exatamente igual ao primeiro. [...] A complexidade do objeto fez com que ela estudasse o relógio e admirasse o relojoeiro” (Adauto Lourenço, “Como tudo começou”, pg. 44).

A pessoa que estudou o relógio, ao ver a complexidade de seu funcionamento, supôs racionalmente que existe um relojoeiro que criou o relógio, pois, a complexidade do relógio não poderia ser obra do acaso, mas, sim, obras das mãos do relojoeiro.

O princípio antrópico ensina exatamente isso, ou seja, que o universo é um relógio e sua complexidade que culmina no propósito de gerar vida aqui na Terra não pode ser obra do acaso, mas, sim obra de um grande relojoeiro que organizou tudo a fim de que funcionasse em perfeita harmonia.

A Bíblia nos apresenta quem é este grande relojoeiro, qual seja: Deus!

6) CONCLUSÃO:

A Bíblia e a Ciência não são necessariamente incompatíveis. As descobertas cientificas têm corroborado a Palavra de Deus e trazido, assim, autenticidade ao texto sagrado.

A Igreja do século XXI precisa readequar sua apologética às novas descobertas científicas que corroboram a Bíblia e, através delas, aliadas a Bíblia, promover uma apologética cristã eficaz que defenda a Palavra de Deus diante dos ataques da ciência ateísta e ideológica que omite qualquer descoberta que apoie o criacionismo.  

Tanto a revelação especial (Bíblia), quanto a revelação geral (estudada pela Ciência) nos revelam o poder criador de um Deus onipotente, onisciente, onipresente, eterno, imutável, transcendente e imanente.

Pb. Diego Natanael.

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Este artigo serve de material de apoio para a revista de escola dominical da Betel:


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